Igualdade em STEM: como mulheres e minorias podem conquistar espaço em áreas técnicas

5 min | Ricardo Ribas | Artigo | Procura de emprego Ajuste cultural Geral

Uma mulher aperta alegremente a mão de um homem. Ela tem um grande sorriso no rosto e está carregando um bloco de notas e o celular na mão. Ela também está usando uma blusa cinza e um paletó.

Há alguns meses conheci a Ana (nome fictício, história verdadeira), que me contou sua história de superação e como se sentiu só no começo de sua trajetória profissional, em um setor marcado por uma forte presença masculina.

Quando Ana, a primeira de sua família a cursar engenharia de sistemas, entrou no laboratório de robótica da universidade, encontrou apenas mais duas mulheres entre quarenta colegas. O estranhamento inicial virou combustível para seu propósito: provar que talento não tem gênero, nem cor, nem classe social.

Ana hoje ocupa uma posição de liderança estratégica em uma das maiores multinacionais de tecnologia e faz questão de abrir portas para quem vem depois.

Sua trajetória ilustra por que Igualdade em STEM não é um tema abstrato, mas uma urgência concreta para profissionais e empresas que pretendem inovar de verdade.

Quando empresas e profissionais se unem para derrubar barreiras, a Igualdade em STEM deixa de ser meta abstrata e se transforma em alicerce real para o futuro do trabalho. Organizações ganham em criatividade, competitividade e retenção. Profissionais diversos ganham visibilidade, reconhecimento e a chance de ocupar espaços que historicamente lhes foram negados.

Cenário Global e da América Latina: A busca por Igualdade em STEM ainda esbarra em obstáculos estruturais profundos em todo o mundo:

  • Globalmente, mulheres ocupam apenas 18% das posições de liderança empresarial; na América Latina, esse índice cai para 11%.
  • Mulheres ganham USD 0,83 para cada USD 1,00 recebidos por homens e enfrentam desemprego significativamente maior.
  • Elas ocupam apenas 23,3% dos assentos em conselhos, 8,4% das presidências e 6% dos postos de CEO.
  • Em ritmo atual, a paridade levaria 22 anos para ser atingida.

Com o tema DE&I deixando de fazer parte da agenda e de ser tratado de forma prioritária por muitas empresas nos últimos meses, o avanço será ainda mais desafiador, exigindo um compromisso genuíno e sustentável.

STEM no Brasil: Apesar dos avanços, barreiras históricas ainda limitam a presença de mulheres e minorias em STEM.

  • Apenas 24,7% dos empregos em STEM no Brasil são ocupados por mulheres, maioria fora de cargos técnicos e de liderança. Em TI, são somente 20% das contratações femininas.
  • No recorte racial, mulheres negras ocupam apenas 16,3% das lideranças em TIC, frente a 72,7% de mulheres brancas.
  • A desigualdade salarial persiste mesmo em setores de alta remuneração, chegando a uma diferença de 7% entre homens e mulheres.

Igualdade em STEM: Superar barreiras estruturais para construir equipes diversas, fortalecer carreiras e impulsionar a transformação nas organizações, não é só um tema de igualdade, mas de aceder ao talento para áreas onde faltam profissionais.

  • Viés inconsciente em processos seletivos: Julgamentos automáticos que afetam escolhas sem intenção explícita, prejudicando grupos sub-representados.
  • Falta de modelos e mentoria estruturada: Ausência de referências e orientações que ajudam no desenvolvimento e crescimento profissional.
  • Microagressões e ambientes acadêmicos hostis: Atitudes sutis e ambientes desfavoráveis que desvalorizam e dificultam a permanência de minorias.
  • Carência de redes de apoio: Falta de grupos e comunidades que oferecem suporte, troca de experiências e oportunidades.

Estes desafios evidenciam a urgência de ações mensuráveis e sistemáticas para a promoção da igualdade.

Estratégias individuais para impulsionar carreiras

O avanço na representatividade passa também pelas escolhas e atitudes de profissionais de grupos sub-representados:

  • Upskilling direcionado: Invista em competências de alta demanda (Python, IA, automação, análise de dados) e mantenha portfólio público — como GitHub — para promover sua expertise.
  • Mentoria e patrocínio: Busque mentores que desenvolvam competências e patrocinadores que impulsionem sua visibilidade em projetos estratégicos.
  • Storytelling profissional: alorize sua trajetória usando métricas de impacto, tornando visível sua contribuição e liderança.

Essas ações potencializam a empregabilidade e o posicionamento, atraindo oportunidades e fortalecendo a autoconfiança.

O papel decisivo das empresas e das lideranças

Diversidade não é gentileza, é motor de inovação. Empresas inovadoras implementam:

  • Processos seletivos anônimos e livres de viés: Seleção de candidatos sem identificar nome, gênero ou origem para evitar preconceitos inconscientes.
  • Comitês de promoção diversos e avaliação transparente: Grupos variados responsáveis por promoções, aplicando critérios claros e imparciais para decisões justas.
  • Metas públicas de diversidade monitoradas por toda a liderança: Objetivos explícitos de inclusão, acompanhados e cobrados por todos os níveis da gestão.
  • Políticas de acolhimento, canais de denúncia e treinamentos contra microagressões: Estruturas para apoiar funcionários, receber reclamações e educar sobre comportamentos inadequados no ambiente de trabalho.

Além disso, líderes devem garantir que a igualdade de gênero seja prioridade estratégica, integrando DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) à cultura e ao planejamento organizacional.

Caminhos para a igualdade: Para acelerar a igualdade de gênero dentro e fora de STEM, é essencial

  • A importância da Educação: Promover equidade desde a infância, conscientizando sobre direitos e oportunidades.
  • O desafio da Legislação: Garantir e fiscalizar a igualdade de oportunidades e proteção aos direitos das mulheres.
  • Empoderamento Econômico: Facilitar acesso a recursos financeiros, incentivos ao empreendedorismo feminino e igualdade salarial.
  • Foco em Saúde: Ampliar o acesso a serviços de saúde física e mental de qualidade, principalmente em áreas menos favorecidas.
  • Liderança: Aumentar a participação feminina em cargos de decisão e liderança, incluir líderes em programas de aliados e colocar diversidade dos times como parte das metas da liderança.
  • Combate à violência: Implementar políticas preventivas de combate à violência e inclusão de gênero nas empresas.
  • Redes de apoio: Criar e fortalecer comunidades, mentorias e projetos como o #WeLead da Hays, dando suporte real ao progresso feminino.

O compromisso da Hays:

Na Hays, acompanhamos histórias como a de Ana todos os dias. Percebemos que acelerar a Igualdade em STEM não depende apenas de políticas corporativas; envolve também escolhas individuais, participação dos líderes, networking estratégico e busca contínua por qualificação.

Na Hays, unimos empresas e talentos diversos para construir ambientes de alto impacto, onde a inovação nasce da pluralidade. Acreditamos que igualdade é urgente — e possível.

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Sobre o autor

Ricardo Ribas
Chefe de Perm Brasil

Ricardo Ribas é Diretor Geral da Hays para a Colômbia e a Região Andina, membro do Conselho Diretor Regional da Hays e integra os conselhos consultivos de organizações como Save the Children, Woman IT e GGR. Como líder destacado no grupo We Lead da Hays, está profundamente comprometido com o empoderamento feminino e a promoção da igualdade de gênero em cargos de liderança. Sua dedicação à evolução das empresas no âmbito do capital humano o levou a ser convidado como professor no CESA e em outras universidades. Com mais de 20 anos de experiência em aquisição de talentos e gestão de capital humano na América do Norte, África, América Central e América do Sul, já apoiou mais de 5.000 empresas e contratou mais de 20.000 profissionais. Ricardo é graduado em Relações Internacionais pela FAAP e possui mestrado em Desenvolvimento de Liderança pela Universidade de Harvard.

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