A escassez de profissionais de engenharia: 5 desafios que pressionam o mercado

4 min | José Neto | Artigo | Pessoas & Cultura Retenção Recrutamento

Uma mulher trabalha em um protótipo dentro de um laboratório. Atrás dela, há uma imagem projetada de outro modelo.

Às vezes, quando escutamos um diretor de RH explicar por que um projeto atrasou, o ponto crítico não é uma máquina parada nem uma previsão mal calculada. É a falta de gente. Certa vez, em uma sala abafada de reunião, um executivo contou que o cronograma de expansão de uma planta industrial foi refeito três vezes porque não conseguiam encontrar profissionais de engenharia com o perfil certo para assumir o comando.

Nada sofisticado. Nada épico. Apenas a ausência de um profissional.

Essas situações, que antes eram exceções, se tornaram quase rotina. Na Hays, ouvimos histórias assim todas as semanas. E quando colocamos esses relatos ao lado dos dados da Análise de Tendências e Salários 2026, o cenário fica ainda mais evidente: há uma pressão inédita sobre empresas que dependem diretamente de profissionais de engenharia para manter operações rodando.

No Brasil, 95,1% das empresas enfrentam escassez moderada a extrema de habilidades; e engenharia está sempre entre as áreas mais críticas. Além disso, apenas 7,2% consideram a engenharia vulnerável à substituição por IA, o que significa que a demanda por profissionais de engenharia continua firme.

No México, o movimento é parecido: 44,6% das empresas priorizam contratações técnicas e digitais, enquanto 56% preferem treinar engenheiros internos, porque não conseguem encontrá-los no mercado.

É um problema que ultrapassa RH. Ele entra em operação, estratégia, inovação e até relações com clientes.

A seguir, um resumo direto dos fatores que mais pressionam as empresas hoje.

5 desafios que pressionam o mercado de profissionais de engenharia

1. O funil de entrada de profissionais de engenharia secou

As universidades não estão formando profissionais de engenharia no volume que os setores industrial, de energia, transporte, tecnologia e manufatura precisam. De fato, apenas 12% dos jovens querem cursar engenharia no Brasil; o que agrava o desalinhamento entre demanda e formação.

No dia a dia, isso se traduz em vagas que não fecham, entrevistas intermináveis e candidatos disputados por várias empresas simultaneamente.

O pipeline ficou estreito. Em alguns segmentos, praticamente desapareceu.

2. O perfil buscado mudou e muitos profissionais de engenharia ficaram para trás

A figura do engenheiro “generalista” perdeu espaço. Os projetos atuais exigem domínio de automação, simulação, sensores, modelagem, ferramentas digitais e análises preditivas.

Os dados da Hays mostram que profissionais de engenharia que combinam base tradicional com fluência tecnológica recebem salários mais altos e têm muito mais oportunidades. Essa mudança criou uma nova forma de escassez: não falta só gente, falta gente com o repertório necessário para entregar no cenário atual.

É comum ouvirmos de líderes: “encontro candidatos, mas não encontro o que meu projeto precisa”.

3. A IA entrou na engenharia, mas não substituiu o engenheiro

Existe um imaginário de que a IA vai reduzir a necessidade por engenheiros. Os números sugerem outra coisa. A automação tem mudado tarefas de suporte, documentação, cálculos repetitivos e fluxos mais previsíveis. Mas o miolo da engenharia continua exigindo raciocínio, responsabilidade, supervisão, interpretação, criatividade técnica.

Em vários países, inclusive no Brasil e no México, percebemos que a IA aumenta a produtividade, mas também aumenta o grau de exigência sobre quem conduz o processo. Ou seja, a demanda permanece (e em alguns casos até cresce) porque o profissional precisa operar ferramentas mais complexas, entender suas limitações e tomar decisões melhores.

Se antes faltavam especialistas, agora faltam especialistas com repertório digital.

4. A pressão salarial virou o termômetro da escassez

Quando os salários começam a subir mais rápido em engenharia do que em outros setores, o recado é direto: está difícil encontrar profissionais de engenharia.

Gerentes, coordenadores e engenheiros técnicos em áreas como processos, projetos e P&D têm sido disputados, e as empresas precisam rever pacotes de remuneração para manter equipes intactas.

Quando remuneração vira argumento de urgência, o problema deixou de ser pontual.

5. O futuro da contratação está ameaçado porque a base enfraqueceu

Uma preocupação dos estudos Hays aparece com força: algumas empresas começaram a reduzir funções júnior ou automatizar partes delas. Isso parece uma solução rápida, mas enfraquece o pipeline de profissionais de engenharia.

Engenharia se aprende na prática. Sem júnior hoje, não existe pleno amanhã.

Três anos depois, o que vemos são empresas desesperadas atrás de profissionais intermediários que simplesmente não existem no mercado.

É o efeito dominó perfeito para agravar ainda mais a escassez.

E qual o caminho a seguir?

A escassez de profissionais de engenharia já é um dos fatores que mais afeta execução, prazos, custos e inovação em diversos setores. E os dados da Hays mostram que essa tendência é estrutural, não um solavanco temporário.

Na Hays, acompanhamos esse movimento diariamente. Sabemos onde estão os talentos, como eles se movimentam e o que as empresas precisam fazer para atrair e reter profissionais de engenharia no cenário atual.

Se sua empresa está enfrentando atrasos, vagas que não fecham e pressão crescente sobre equipes técnicas, vale conversar. A engenharia continuará sendo um dos pilares do desenvolvimento; e quem souber disputar esses talentos agora, sai na frente.

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Sobre o autor

José Mario Neto
Gerente de Engenharia da Hays Brasil

Carioca, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, José atua há mais de uma década no segmento de recrutamento e seleção atuando, majoritariamente, em consultorias multinacionais de grande porte. Atualmente, lidera o time de Engenharia da Hays Brasil com foco nos setores de Óleo e Gás, Energia e Recursos Naturais.

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