Mobilidade interna e global é um dos segredos para reter talentos em Ciências da Vida

4 min | Ricardo Ribas | Artigo | Gestão da força de trabalho Mobilidade global Insights do setor

Um fundo azul escuro com uma ilustração de um microscópio e o seguinte texto em letras brancas: Globalização e mobilidade de talentos em Ciências da Vida

Quem vive o setor de Ciências da Vida percebe que a disputa por especialistas nunca foi tão intensa. Na Hays, isso aparece nas conversas de maneira direta. Líderes descrevem a saída de profissionais que não pareciam inclinados a mudar. Quando investigamos, a causa raramente é salarial. O que falta, na maioria dos casos, é movimento. É aqui que a mobilidade interna deixa de ser ferramenta de RH e passa a ser parte central da estratégia de continuidade.

A dinâmica do setor não permite ficar parado. A inovação exige conhecimento acumulado, e substituir especialistas experientes não é simples nem rápido. A mobilidade interna, somada às oportunidades globais, oferece aos talentos a chance de evoluir sem precisar buscar esse avanço fora. E esse é, hoje, um dos maiores fatores de retenção.

A seguir, um resumo do que realmente funciona na prática.

Como a mobilidade interna e global auxilia na retenção de talentos

1. Mobilidade interna oferece alternativas imediatas em um cenário de escassez crescente de especialistas

A formação de novos especialistas não acompanha a demanda. Quando alguém experiente começa a demonstrar inquietação, o tempo é curto. A mobilidade interna abre uma opção concreta antes que o profissional decida sair, muitas vezes com uma realocação simples ou participação em um novo projeto. Para a empresa, isso preserva conhecimento. Para o talento, significa continuidade.

No estudo Análise de Tendências e Salários 2026, essa percepção aparece de forma clara. Para 95% das empresas brasileiras, a falta de competências técnicas é moderada ou severa, especialmente quando o assunto envolve engenharia, tecnologia, supply chain ou ciências da vida.

2. A criação de caminhos visíveis de evolução reduz drasticamente a saída de talentos experientes

Profissionais deixam empresas quando não enxergam opções reais de crescimento. A mobilidade interna ajuda a tornar essas opções claras. Mesmo que não exista um plano perfeito, mostrar possibilidades e conversar sobre desenvolvimento reduz a sensação de estagnação e diminui a intenção de saída.

3. O acesso a experiências globais fortalece engajamento e amplia a percepção de crescimento

Muitos especialistas querem vivências internacionais. Quando a empresa conecta mobilidade global à mobilidade interna, cria um caminho de carreira mais amplo. Isso aumenta engajamento e reduz o apelo de propostas externas, já que o profissional vê evolução possível sem precisar mudar de empresa.

4. A circulação de conhecimento evita dependência de indivíduos e fortalece a sucessão técnica

Quando apenas uma pessoa domina um processo, o risco é alto. A mobilidade interna estimula circulação, compartilhamento e formação de sucessores. Isso diminui vulnerabilidades e, ao mesmo tempo, faz o especialista sentir que seu conhecimento tem impacto para além da função atual.

5. A agilidade organizacional aumenta quando profissionais já integrados assumem rapidamente novos projetos

Trazer alguém de fora leva tempo. Realocar quem já entende compliance, cultura e rotina regulatória acelera entregas e reduz atrasos. A mobilidade interna funciona como resposta ágil para momentos críticos e reforça no profissional a sensação de confiança e relevância.

6. O fortalecimento do propósito acontece quando especialistas vivenciam diferentes etapas da cadeia de valor

Motivação em Ciências da Vida vem muito do impacto final. Quando o especialista vivencia diferentes partes da cadeia por meio da mobilidade interna, ele percebe melhor como sua atuação chega ao paciente. Isso renova o propósito e aumenta retenção.

7. A redução de custos de reposição externa permite foco em posições realmente estratégicas

Reposições urgentes são caras e desgastantes. A mobilidade interna reduz essa pressão e permite que a empresa concentre contratações externas em funções realmente estratégicas. Além disso, realocações internas tendem a gerar encaixes mais consistentes.

8. A implementação de um processo estruturado dá segurança a líderes e clareza a profissionais

Para funcionar, a mobilidade interna precisa de critério. Estrutura e clareza evitam improviso e fortalecem a confiança no sistema. O profissional entende como se mover. O líder sabe como apoiar. Isso transforma mobilidade em cultura e não em exceção.

9. A postura das lideranças determina se a mobilidade se torna cultura ou permanece apenas intenção

O comportamento dos líderes define se a mobilidade prospera. Quando gestores incentivam movimentações internas, talentos crescem sem precisar sair. Empresas que valorizam esse tipo de liderança costumam ter taxas de retenção muito mais altas.

10. A preparação para um mercado em rápida transformação exige empresas que se movem junto com seus talentos

O setor muda rápido demais para estruturas rígidas. Organizações que usam a mobilidade interna como estratégia se tornam mais adaptáveis e preparadas para novos ciclos. E profissionais permanecem onde conseguem enxergar futuro.

A retenção não acontece na saída. Ela acontece antes, na forma como a empresa cria oportunidades, conversa sobre futuro e permite que o talento se mova. A mobilidade interna, quando bem aplicada, protege conhecimento, estimula evolução e amplia o tempo de permanência dos especialistas.

Se sua empresa está nesse momento, a Hays pode apoiar na identificação de especialistas, no fortalecimento de lideranças e na formação de estruturas que realmente sustentam governança no longo prazo.

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Sobre o autor

Ricardo Ribas
Diretor Geral da Hays no Brasil

Ricardo Ribas é Diretor Geral da Hays no Brasil, membro do Conselho Diretor Regional da Hays e integra os conselhos consultivos de organizações como Save the Children, Woman IT e GGR. Como líder destacado no grupo We Lead da Hays, está profundamente comprometido com o empoderamento feminino e a promoção da igualdade de gênero em cargos de liderança. Sua dedicação à evolução das empresas no âmbito do capital humano o levou a ser convidado como professor no CESA e em outras universidades. Com mais de 20 anos de experiência em aquisição de talentos e gestão de capital humano na América do Norte, África, América Central e América do Sul, já apoiou mais de 5.000 empresas e contratou mais de 20.000 profissionais. Ricardo é graduado em Relações Internacionais pela FAAP e possui mestrado em Desenvolvimento de Liderança pela Universidade de Harvard.

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